Sabra



Tenho um menino valente. Gosta de suco de limão, chupa laranjinha azeda, pede água de alho, é fã de kiwi, cebola, maracujá azedo. Pede sabores ácidos ou azedos. Ele é, antes de tudo, um bravo. Gosta de suco de figo-da-índia, que mamãe faz. É um fruto que nasce de cacto, encontrado às margens do caminho.

Parte da cactácea gigante desmoronou no sítio vizinho. Sob mãos envelhecidas, estava uma folha da palma. Dona Irene mostrava com expressão intrigada as raízes que haviam brotado por toda extensão da folha, pouco tempo depois que caíra. Eu jamais havia visto raízes brotando de folhas nem tanta avidez pela terra, por enraizar-se novamente, e tornar-se planta – figueiras-da-índia, tzabar matsui.

As figueiras se enraízam intrincadamente em direção à terra, como se ela lhe estivesse prometida desde sempre – canaã de Abraão, canaã de Moisés, canaã de Josué, canaã de João. O sábado mais belo. O sétimo dia nas terras de sabra. A mais bela de todas as terras é a terra que atrai o cacto gigante. “Somos as folhas do Sabra”, escreveu o jornalista Uri Kesari, em 1931, sobre o povo judeu. The Sabra: The Creation of the New Jew é o título do livro de Oz Almog.

Sabra é o povo judeu. Sabra é, antes de tudo, um bravo, uma planta, um homem, um menino.

Sabra é o cacto que produz o figo-da-índia, de nome Opuntia ficus-indica. Tem em Israel, tem no sítio do João. É metáfora da Nova Jerusalém que nasceu no século 20, é produto agrícola cultivado pelos judeus e comercializado nos mercados europeu, norte-americano e japonês. Fruta que Dona Irene se esforça para salvar dos passarinhos, limpar dos espinhos e presentear o João, desde seus dez meses de idade. Sorte dos israelenses que a cultivam, sorte do menino que mama a seiva do figo em manhãs de Sião.

Sorte de quem olha para a terra e feito a folha do Sabra lança suas raízes em direção à promessa. Sorte do João.

Deus colocou no figo rústico e coberto de espinhos sabor doce dos mais curativos. Tem efeito hepatoprotetor, é antioxidante (1), antiinflamatório (2), antiulceroso (3).

O figo inativa, até mesmo, o efeito de metais pesados. Cientistas deram a ratos o suco de figo durante um mês. Depois, injetaram cloreto de níquel, altamente tóxico e carcinogênico, em animais que receberam o suco e nos que não receberam. Estes tiveram alterações metabólicas. “Estas mudanças não ocorrem em animais que receberam previamente o suco de cactus, demonstrando um efeito protetor desse extrato vegetal” (4).

Como neuromodulador natural (5), o figo tem a impressionante capacidade de atuar no cérebro, regenerando-o (6), e ampliando a capacidade dememorização (7).

O figo limpa o sangue do veneno. O figo cura o cérebro.

Mastigue o sabra, meu filho, sorva seu suco.

Raiz de terra seca, marginalizado, sem aparência, renovo, coroado com espinhos, carregando a mais doce de todas as seivas, seu sangue. Se alguém dele beber, viverá eternamente. João, sê folha de sabra. João, sê filho de Cristo.




Referências


1.      1. LIVREA, M.A.; TESOURIERE, L.  Antioxidative effects of cactus pear (opuntia ficus-indica (l).) mill. fruits from sicily and bioavailability of betalain components in healthy humans. Disponível em:<http://www.actahort.org/books/811/811_24.htm> Acesso em: 20 jun. 2020.
2.      2. PARK, E. H. An anti-inflammatory principle from cactus. Disponível em:< https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0367326X00002872> Acesso em: 20 jun. 2020.
3.      3. GALATI, E. M. et al. Antiulcer activity of Opuntia ficus indica (L.) Mill. (Cactaceae): ultrastructural study. Disponível em:<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378874101001969> Acesso em: 20 jun. 2020.
4.      4. HFAIEDH, N. et al. Protective effect of cactus (Opuntia ficus indica) cladode extract upon nickel-induced toxicity in rats. Disponível em:<https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0278691508005565> Acesso em: 20 jun. 2020.
5.      5. ALLEGRA, M. et al. Indicaxanthin from opuntia ficus-indica crosses the blood-brain barrier and modulates neuronal bioelectric activity in rat hippocampus at dietary-consistent amounts. Disponível em:<https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26227670/> Acesso em: 20 jun. 2020.
6.      6. KIM, J. H. et al. Opuntia ficus-indica attenuates neuronal injury in in vitro and in vivo models of cerebral ischemia. Disponível em:<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378874105006240> Acesso em: 20 jun. 2020.
7.      7. KIM, J. M. et al. The n-butanolic extract of Opuntia ficus-indica var. saboten enhances long-term memory in the passive avoidance task in mice. Disponível em:< https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0278584610001892> Acesso em: 20 jun. 2020.




A natureza e a Revelação, ambas dão testemunho do amor de Deus. Nosso Pai celeste é a fonte de vida, de sabedoria e de felicidade. Contemplai as belas e maravilhosas obras da natureza. Considerai a sua admirável adaptação às necessidades e à felicidade, não só do homem, mas de todas as criaturas viventes. O sol e a chuva, que alegram e refrigeram a terra; as colinas, e mares e planícies - tudo nos fala do amor de quem tudo criou. É Deus quem supre as necessidades cotidianas de todas as Suas criaturas, como tão belamente o exprime o salmista nestas palavras: “Os olhos de todos esperam em Ti, e Tu lhes dás o seu mantimento a seu tempo. Abres a mão e satisfazes os desejos de todos os viventes.” Salmo 145:15 e 16. 

Descrevendo a Sua missão terrestre, disse Jesus: "O Espírito do Senhor é sobre Mim, pois que Me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-Me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, e dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos." Lucas 4:18 e 19. Essa foi a Sua obra. Andava fazendo o bem, curando os oprimidos por Satanás. Havia aldeias inteiras onde não existia mais nenhuma casa em que se ouvissem lamentos de enfermo, porque Jesus por elas passara e lhes curara os doentes. Sua obra dava testemunho de Sua unção divina. Amor, misericórdia e compaixão se patenteavam em cada ato de Sua vida. Seu coração anelava com terna simpatia pelos filhos dos homens. Revestiu-Se da natureza humana para poder atingir as necessidades do homem. Os mais pobres e humildes não receavam aproximar-se dele. Mesmo as criancinhas para Ele se sentiam atraídas. Gostavam de subir-Lhe aos joelhos e contemplar-Lhe o rosto pensativo, que refletia bondade e amor. 

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